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Bright participa do 3º Summit Internacional Americas

Marcelo Sousa falou sobre fotocêuticos em evento que reuniu especialistas para debater o futuro da saúde.
Evento ocorreu no dia 4 de novembro e teve a participação do CEO e fundador da Bright, o físico Marcelo Sousa.

Como a fotobiomodulação pode ajudar no tratamento da medicina do futuro? Diversos especialistas se reuniram no 3º Summit Internacional Americas, em 4/11, para debater a perspectiva da saúde nos próximos anos em áreas como oncologia, inovação, gestão, cardiologia e neurologia. Os fotocêuticos, o futuro da fotobiomodulação, não ficaram de fora. A reflexão ficou por conta de dois grandes nomes da área: o físico Marcelo Sousa, fundador e cientista-chefe da Bright, e Michael Hamblin, ex-professor da Escola de Medicina de Harvard e professor visitante da Universidade de Joanesburgo. A conversa foi mediada pelo médico Paulo Renato Fonseca, diretor de Logística na Faculdade SINPAIN.

A colaboração científica entre Sousa e Hamblin começou em 2013, quando Marcelo concluiu um ano de doutorado sanduíche pelo Centro Wellman para a Fotomedicina, em Harvard, sob coorientação de Hamblin. Ambos já publicaram um livro sobre fotobiomodulação, Handbook of Low Level Laser Therapy, lançado em 2016.

Segundo Hamblin, a história da fotomedicina já tem 120 anos, e um dos reconhecimentos que deu início a mais estudos na área foi o prêmio Nobel de medicina em 1903, concedido ao médico dinamarquês-faroense Niels Ryberg Finsen. Ele estudou o tratamento de algumas doenças, como a varíola e o lúpus, com irradiação de luz vermelha, e tudo começou porque ele se perguntava qual era o real benefício da luz solar no combate à anemia e ao cansaço, condições das quais sofria.

No entanto, foi somente a partir da década de 1960 que a fotobiomodulação começou a ocupar mais os laboratórios de pesquisa. Em 1960, por exemplo, foi criado o primeiro laser de rubi, e alguns cientistas se indagavam se a luz poderia ser útil para tratar câncer.

“Hoje, sabemos que é preciso tomar cuidado para usar a dose correta de luz. A melhor penetração da luz nas células humanas ocorre com o comprimento de onda que fica entre 600 e 1200 nanômetros, o que chamamos de janela óptica tecidual”, afirma Hamblin.

Fotobiomodulação: mecanismo de ação

Diversos mecanismos ocorrem no corpo e podem explicar o real efeito terapêutico do tratamento – muitos, inclusive, ainda são investigados. O mais conhecido é a produção de mais moléculas de ATP (energia) a partir da absorção da luz pela enzima citocromo c oxidase, localizada na mitocôndria da célula – uma espécie de pequena fábrica de energia.

De acordo com Hamblin, a exposição à luz utilizada na fotobiomodulação causa efeitos biológicos no corpo, o que pode durar semanas mesmo após uma única aplicação. A terapia pode ser usada para tratar várias doenças, desde que a luz correta e o aparelho adequado sejam utilizados.

A experiência brasileira da Bright Photomedicine pode abrir caminhos para outros pesquisadores que queiram se aventurar no campo. Marcelo Sousa, CEO e fundador da empresa, acredita que o momento é de conquistas tecnológicas e digitais para enriquecer a prática da fotobiomodulação.

“No mundo, uma em cada três pessoas sofre de algum tipo de dor crônica, enquanto uma em cada quatro não tem acesso decente a opioides, um dos fármacos analgésicos mais utilizados. A fotobiomodulação pode nos ajudar a solucionar as questões envolvidas nos processos da dor”, ressalta o físico.

Em estudos pré-clínicos realizados com camundongos em Harvard, Sousa desenvolveu em equipe uma forma de iluminar os animais para encontrar a quantidade de luz adequada para tratar dor em diferentes partes do corpo. Segundo ele, usar a quantidade correta de luz oferece a resposta sobre o volume de ATP que será gerado a nível celular.

“Como fazer com que a fotobiomodulação seja previsível e funcione para humanos, não somente em camundongos? Isto é o que fazemos na Bright e já comprovamos por meio de estudos de caso e estudos clínicos controlados e randomizados”, explica.

 

O segredo está na customização da luz, ou seja, levar em conta as características do paciente e da patologia para que qualquer pessoa tenha efeitos terapêuticos previsíveis, que podem ser prescritos por médicos.

“Nós equilibramos os parâmetros ópticos, que são usados de forma controlada, para alcançarmos o melhor resultado nas pessoas, independentemente das características físicas do paciente e da patologia. Temos, agora, 60 tipos de formulações de luz para dores e inflamações musculoesqueléticas, o que chamamos de fotocêuticos”, complementa.

Fotocêuticos: futuro da fotobiomodulação

Os dois cientistas traçam suas visões de futuro para a área. Para Sousa, a fotobiomodulação deve levar em consideração grandes volumes de dados, especialmente na era digital, para ser informada e aperfeiçoada a partir dos resultados obtidos por cada paciente – o que já é uma preocupação da Bright.

“Nós acreditamos que podemos digitalizar a forma como os nossos corpos produzem nossos próprios remédios. Esse é meu sonho. Eu espero que não leve cem anos para alcançarmos este sonho”, projeta.

Para Hamblin, o futuro da área virá por meio dos aparelhos de fotobiomodulação com LED para uso doméstico, o que já existe no mercado internacional e pode popularizar o uso do tratamento. No entanto, de nada adianta se a fotobiomodulação não for estudada para solidificar as evidências científicas e se não for aceita por médicos e grandes empresas:

“Empresas farmacêuticas multimilionárias poderiam demonstrar interesse e realizar estudos com esse tratamento, mas elas acham que perderão mercado se as pessoas pararem de consumir remédios analgésicos. Então, muitas vezes a fotobiomodulação não é vista como um bom negócio para elas mesmas”.

Novos estudos em fotobiomodulação também podem levar em conta a área de oncologia, que foi a dúvida de Paulo Renato Fonseca: “O tratamento é eficaz para câncer? É uma questão que pode surgir para muitas pessoas”. Sousa e Hamblin acreditam que é possível tratar os sintomas decorrentes de um câncer em lugares do corpo onde não há câncer, como dores.

Na Bright, o futuro já está em curso: um estudo clínico sobre artrose de joelho será realizado até o fim de 2022 em parceria com o Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e, segundo Sousa, a empresa pretende ir além do ramo de dores e inflamações musculoesqueléticas, expandindo as doenças atendidas.